domingo, 4 de setembro de 2011

Dias 21 e 22

Ponferrada, Sexta-feira dia 19 de Agosto de MMXI
Já telefonei ao pai para lhe dar os parabéns...
Ontem fizemos caminho até Foncebadón. Mas antes de lá chegarmos, logo pela manhã, passámos pelo sítio mais acolhedor de todo o caminho. Como não tínhamos tomado o pequeno-almoço, parámos numa povoação (que não me lembro se era Santa Catalina de Somoza ou Murias de Rechivaldo) e procurámos um bar aberto. Vimos luz atrás de uma porta envidraçada e entrámos num pequeno espaço acolhedor, com comida fresca e caseira, delícias preparadas com um cuidado e uma dedicação visível.Chocolate quente com leite de soja, tomate da horta, e o Pavarotti a cantar ópera e uma mulher que era como uma mãe para os peregrinos: filha de italiano e argentino, tentava falar na língua dos viajantes e abraçou-nos comovida à despedida. Uma memória de um acolhimento e de um coração enorme que nos aqueceu durante a caminhada.
O caminho era bonito, apesar das raízes em que tropeçámos e das pedras no caminho e, claro, do cansaço. Chegámos cedo a Foncebadón e esperámos que o albergue paroquial abrisse. Valeu a pena. O jantar foi preparado por todos - eu ocupei-me do arroz, os espanhóis da salada e os italianos do molho e da pasta. Conheci muito boa gente. Eu e o Rui partilhámos a máquina de lavar roupa com o Vicente e a Carol. Lá também estava o Lucca e um outro Lucca também italiano. Conhecemos o Javi e o Ramón. Que bom ambiente neste albergue, em que o Hospitaleiro fez compras para termos tudo o que fosse necessário para o jantar.

O caminho de hoje era lindo, por entre os montes. Passámos pela famosa Cruz de Ferro onde deixámos uma pedra no amontoado de pedras que a envolve. Ainda era noite. O resto do caminho foi todo passado a descer, com pedras soltas e carreiros íngremes e resvalantes. A perna direita ressentiu-se. Passámos por aldeias muito bonitas - casas de pedra, varandas e balaustradas de madeira, flores penduradas. Numa delas havia um rio onde me molhei até aos calções - e foi daqui que falei com o pai.
Agora estamos em Ponferrada, cidade feia, onde fomos buscar a Marta à estação de combóios. Ficámos no único albergue da cidade (gigantesco e quente) e viemos comer um gelado que nos servirá de jantar.

 a caminho de Foncebadón

Marta com o seu cajado novo em folha em Ponferrada

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